
Desenvolvi TA bastante cedo.
Tenho bulimia e anorexia desde os 13 anos de idade, porém sempre fui uma criança digamos... Diferente...
Lembro-me de admirar pessoas magras já com 7 ou 8 anos e ter certa inveja do corpo da minha irmã mais nova [na época com 3 ou 4 anos de idade] por ficar bem em qualquer roupa enquanto eu só entrava em roupas gigantes.
O “BUM” do transtorno alimentar se deu na adolescência, quando sofri um sério trauma psicológico.
Já me sentia uma pessoa obesa desde a infância, era relativamente depressiva e introvertida. Com o novo dano psicológico, o estouro de um transtorno desses era apenas uma questão de tempo.
Aos 13 anos comecei com dietas severas, me achava gorda e culpada pela vida, por ser quem eu era.
Na época beirava os 58 kg e em questão de 2 meses estava 13 kg mais magra.
Minha família achava que minha rápida perda de peso era provocada pela depressão e trauma sofrido recentemente.
Minha mãe me levou a alguns médicos para que alguém tentasse explicar o porquê da magreza repentina, mas todos falavam que era por que estava em fase de crescimento.
Com o passar dos anos, alguns professores começaram a perceber certas atitudes estranhas em meu comportamento [não que elas fossem normais antes, mas é que estavam mais estranhas ainda...].
Frequentemente aparecia no colégio com vários curativos, principalmente nos pulsos. Meu comportamento não era somente o de uma adolescente rebelde.
Com 16 anos de idade, encontrava-me com o mesmo peso de quando emagreci pela primeira vez. 45 kg.
Não possuía amigos, excluía-me voluntariamente de qualquer pessoa, fumava compulsivamente e tinha prazer nas coisas mais sóbrias. Um exemplo disso foi a vez em que um garoto de aproximadamente 10 anos de idade trancou a ponta do dedo em uma porta maciça que havia no colégio em que eu estudava. Presenciei o momento exato em que seu dedo foi dividido. A falange distal ficou presa na porta, enquanto o menino foi para outro lado. Senti prazer naquela cena.
Tranquilamente, enquanto a criança berrava de dor e a escola toda se reunia para levá-lo ao hospital, arranquei uma folha de caderno e peguei a ponta do dedo que havia ficado presa na porta e que no desespero ninguém viu. Quando a ambulância chegou, entreguei a ponta do dedo do menino para o responsável da ambulância.
Muitos se apavoraram mais com minha serenidade e cara de prazer ao ver aquele sangue todo do que com o acidente propriamente dito.
Nessa época estava me formando no segundo grau e mudando de cidade também.
Estava frustrada por não querer sair do lugar onde tinha crescido e por estar [na minha visão maluca] obesa.
Tentei suicídio [já havia tentado outras vezes, mas a intenção era chamar atenção e não realmente morrer...].
Fiquei alguns dias internada para desintoxicação, mas logo que saí, as crises depressivas voltaram a todo vapor.
Finalmente mudei de cidade e passei o primeiro ano trancada dentro de casa, apenas comendo e vomitando ou passando alguns dias de total jejum [NF para os íntimos]. Sem contar a automutilação diária.
Hoje tenho 23 anos. Resido há 7 anos nessa nova cidade.
Tenho muitos conhecidos, mas continuo com a fobia social, o que incentiva minha dificuldade de relacionamento.
De 23 anos vividos, 10 foram dedicados ao que alguns dizem ser doença, outros dizem ser capricho, outros dizem ser opção de vida.
Sou casada há 1 ano e meio, faço faculdade, ballet e ainda me dedico inteiramente à manutenção do meu peso [que por sinal continua o mesmo de 10 anos atrás, graças a deus.]
Tenho uma amiga que também possui mais ou menos a mesma história de vida [ou resumo dela] que eu.
Ainda sou suicida em potencial [mesmo não gostando de admitir isso], ainda me automutilo, ainda tenho depressão forte, ainda fumo...
Resumindo a ópera, sou uma menina no corpo de uma mulher. Uma pessoa totalmente bipolar e neurótica.
Um dia pretendo evoluir... Sei lá, talvez sair dessa condição desastrosa de viver e encontrar a cura para minha alma...
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